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Alemanha mais próxima de ter um governo

Os partidos envolvidos vão manter várias reuniões até ao dia 11 deste mês. Mas os analistas acreditam que só no final de março será possível à Alemanha ter um novo governo.
  • Axel Schmidt/Reuters
9 Janeiro 2018, 07h10

Encontros formais entre a CDU de Angela Merkel e o SPD de Martin Shulz que irão ter lugar ao longo desta semana podem finalmente desbloquear o impasse em que a Alemanha caiu face à pulverização dos votos e à dispersão de lugares parlamentares que ocorreu depois das últimas eleições legislativas, que tiveram lugar a 24 de setembro do ano passado.

Depois de uma primeira tentativa promovida pela chanceler Angela Merkel de criar um governo a partir de uma coligação com os verdes e com os liberais – e que não resultou em nada – ficou claro que a única saída era o regresso da chamada grande coligação entre os democratas-cristãos da CDU (e o partido-irmão CSU, da Baviera) e a os social-democratas do SPD. O seu líder, Martins Schulz, passou a campanha eleitoral a afirmar que não voltaria a apoiar a grande coligação. Mas, face à incapacidade da formação de uma coligação alternativa e ao crescente nervosismo do resto da União Europeia com o vazio de poder em que a Alemanha permaneceu nos últimos meses, Schuls parece finalmente (ou formalmente) estar preparado para voltar atrás na recusa.

A chanceler alemã Angela Merkel disse-se “otimista” já no domingo passado em relação a uma primeira ronda oficial de negociações: “acho que podemos conseguir “, afirmou. Estão previstos quatro encontros entre os três partidos envolvidos, com delegações de 13 membros por partido – que deverão estar concluídos no próximo dia 11.

Segundo a imprensa alemã, o primeiro ponto que conseguiu a aprovação de todas as partes foi o da confidencialidade: nenhuma declaração será feira até ao final da reunião de 11 de janeiro, e nenhum dos partidos usará a sua rede de contactos para produzir ‘fugas de informação’ que possam condicionar e fazer perigar os encontros.

Mas o fim definitivo do impasse ainda está longe: depois de concluídas as negociações – e face ao facto de Schulz ter afirmado na campanha eleitoral que não iria aceitar uma coligação com a chanceler, o SPD decidiu, depois de concluídas as negociações, organizar um congresso extraordinário (a 21 de janeiro na cidade de Bona) para ouvir as bases sobre o que tiver sido acordado.

Ou, dito de outra forma: só a 22 de janeiro é que os três partidos conseguirão discutir qualquer coisa mais próxima da solução definitiva, dado que só a partir daí Martin Schulz estará (ou não) legitimado para continuar. O dia 30 de março parece ser o da data da criação de um governo estável para a Alemanha.

Por seu lado, Schulz, igualmente citados pelos jornais, afirmou que “não desenhámos nenhuma linha vermelha, mas queremos muitas políticas vermelhas”: solidariedade, coesão em áreas-chave como o trabalho, educação, investimento na habitação social e cuidados aos mais necessitados.

Será de recordar que, segundo afirmavam há algumas semanas alguns jornais, Schulz terá dado a entender a Merkel que, para aceitar o regresso da grande coligação, teria que ser convidado para o cargo de ministro das Finanças, em substituição de Wolfgang Schauble. Não se conhece a resposta de Merkel, mas o certo é que Schauble é um dos sustentáculos da política financeira do país e ‘por arrasto’ das decisões mais importantes sobre a matéria em termos da União Europeia e da Zona Euro.

Mas a ‘estrela’ de Schauble pode estar a apagar-se – muito por ‘culpa’ do seu homólogo português, Mário Centeno, que de alguma forma ajudou a provar que não havia só um caminho para a recuperação de uma economia nacional depauperada. Entre muitas outras leituras possíveis, a eleição de Centeno para a liderança do Eurogrupo pode querer dizer que a linha alternativa às políticas impostas pelo ministro alemão ganhou e que o seu autor pode ser dispensado.

Seja como for, a Alemanha pode passar ainda os próximos dois meses sem um governo suficientemente estável.

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