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António Costa justifica que não interromper a visita à Índia “não foi decisão pessoal”

O primeiro-ministro anulou os momentos menos formais da sua visita de Estado à Índia, acompanhando os dias de luto nacional pela morte do antigo Presidente da República Mário Soares.
8 Janeiro 2017, 18h55

Em declarações à SIC Notícias, o primeiro-ministro António Costa, em Bangalore, na Índia, reafirmou que a decisão de estar ausente nas cerimónias fúnebres de Mário Soares não foi uma “decisão pessoal”. “Obviamente que queria estar onde estão todos os amigos”, confessou.

António Costa falava aos jornalistas no final do programa do segundo de seis dias de visita de Estado à Índia, e justificou a razão de não poder regressar a Portugal imediatamente para estar presente nas cerimónias fúnebres de Mário Soares.

Estas declarações surgem depois de o primeiro-ministro ter sido alvo de críticas por não ter interrompido a visita de Estado à Índia.

A opção do primeiro-ministro despontou reações negativas, nomeadamente do deputado do PSD Carlos Abreu Amorim. O vice-presidente da bancada do PSD escreveu na sua página pessoal: “Como se percebe a artificial manutenção de um estado de beatitude em política?”, em pergunta retórica. “Quando António Costa se marimba descaradamente para as cerimónias fúnebres da maior figura do seu partido (e a quem deve a liderança do PS) e tudo parece continuar como se nada de especial se passasse…”, concluiu.

Mas não foi só no PSD que as críticas surgiram. No PS nem toda a gente aceitou bem o anúncio da ausência do primeiro-Ministro socialista Costa ao enterro de Mário Soares. Segundo o jornal i, vários socialistas telefonaram ontem para a sede do PS a lamentar a posição do primeiro-ministro e fizeram nas redes sociais vários comentários negativos.

António Costa lembra que esta é a primeira visita oficial de Estado à Índia, desde 1974, de um primeiro-ministro português, na qual as autoridades indianas “quiseram valorizar muito”, além disso “as visitas de Estado têm regras”, acrescenta. Por tudo isso, não poderia interrompê-la.

António Costa justifica ainda a sua decisão com o exemplo de Mário Soares – que faria exactamente o mesmo – e com a reacção dos filhos do ex-Presidente, João e Isabel Soares. “Disseram-me que eu devia fazer o que tinha de fazer”.

O Expresso avança que o programa na Índia não foi cancelado, mas vai haver algumas adaptações. Tudo o que seja mais festivo será cancelado, como possivelmente um percurso a pé em Goa, terra do seu pai, Orlando da Costa. “Os momentos mais informais da visita serão eliminados”, prometeu António Costa.

 

Hoje, Mário Soares foi homenageado com um minuto de silêncio na grande convenção da diáspora em que António Costa participou como convidado principal. O primeiro-Ministro confessa que ficou impressionado com a homenagem feita pelo seu homólogo indiano e pela sala de congressos onde oito mil pessoas fizeram um minuto de silêncio por Mário Soares.

“Foi um momento muito marcante que nos impressionou, muito, a todos.”

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