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Desde o ‘mini-crash’ que Wall Street não caía tanto

Após ter avançado quase 30% no total de 2017, o índice tecnológico Nasdaq inverteu a tendência e atingiu esta segunda-feira terreno negativo em termos anuais. Em 2018, acumula uma perda de 0,48%.
  • Reuters
2 Abril 2018, 21h21

Uma queda a fundo nas ações tecnológicas e tiros de ambos os lados do Pacífico numa guerra comercial penalizou fortemente Wall Street esta segunda-feira. O índice industrial Dow Jones caiu para o nível mais baixo este ano, enquanto o financeiro S&P 500 e o tecnológico Nasdaq registaram os maiores tombos, em termos percentuais, desde do mini-crash de fevereiro.

“Penso que foi principalmente um selloff liderado pela tecnologia e o que percebemos nas últimas duas semanas é quão overweight os investidores estão na tecnologia”, afirmou Nicholas Colas, co-fundador da Datatrek Research, à agência Reuters. “Agora há um reset fundamental de quanta exposição à tecnologia é que os investidores estão dispostos a aguentar”.

O Dow Jones caiu 1,90% para 23.644,19 pontos e acumula já uma perda de 4,35% desde o início do ano, enquanto o S&P 500 recuou 2,21% para 2.582,44 pontos, elevando o tombo anual para 3,56%

O destaque esteve, no entanto, no Nasdaq, que perdeu 2,74% para 6.870,12 pontos. Após ter avançado quase 30% no total de 2017, o índice tecnológico inverteu a tendência e atingiu esta segunda-feira terreno negativo em termos anuais. Em 2018, acumula uma perda de 0,48%.

FAANG afundam

As maiores empresas tecnológicas do mundo entraram no segundo trimestre do ano a prolongar o sentimento negativo com que terminaram o anterior, devido às acusações de uso de informações indevido pelo Facebook e de um aumento da regulação para o setor. As FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google) caíram todas, com o foco na Amazon.

As ações perderam 5,21% para 1.371,99 dólares, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter lançado novas críticas à empresa de comércio eletrónico, na rede social Twitter. O republicano afirmou que o serviço de correios dos Estados Unidos perde “uma fortuna” com a Amazon e prometeu medidas para que essa situação seja alterada.

As ações do Facebook caíram 2,75% para 155,39 dólares, a Apple perdeu 0,66% para 166,68 dólares, a Netflix recuou 5,10% para 280,29 dólares enquanto a empresa mãe da Google, a Alphabet, cedeu 2,36% para 1 012,63 dólares.

Fora das FAANG, mas dentro do setor tecnológico, também a Tesla foi fortemente penalizada esta segunda-feira. Antes da apresentação dos números trimestrais da produção do modelo 3 sedan, as ações da fabricante de carros elétricos afundam 5,13% para 252,48 dólares. Os investidores parecem não ter gostado da brincadeira de dia das mentiras de Elon Musk, que anunciou no Twitter a suposta “falência” da Tesla.

Guerra comercial perde impacto

A guerra comercial tem sido outro tema em destaque nos mercados norte-americanos, mas Colas diz não considerar que a queda desta segunda-feira esteja relacionada com essa questão. “A guerra de tarifas já é uma preocupação há algumas semanas. A resposta [implementada esta segunda-feira pela China] teve provavelmente um resultado mais neutro que o esperado”, acrescentou.

A China subiu esta segunda-feira os impostos sobre as importações de carne de porco, fruta e outros produtos dos Estados Unidos e o próprio ministério das Finanças chinês deixou claro que as taxas servem de retaliação à decisão de Donald Trump de subir as importações sobre o aço e alumínio oriundos da China.

As medidas anunciadas pelo presidente dos EUA poderão afetar as importações chinesas num valor de até 60 mil milhões de dólares (mais de 48 mil milhões de euros). No entanto, o prejuízo poderá ser ainda maior se se concretizar a possível subida das taxas alfandegárias sobre os produtos tecnológicos chineses, numa penalização contra a alegada fraca proteção dos direitos de propriedade intelectual por Pequim.

Ainda assim, no mercado cambial, o dólar continua a ganhar terreno face ao euro, sendo que a moeda norte-americana valorizou esta segunda-feira 0,18% para 1,230 dólares. As yields das Treasuries a 10 anos terminaram uma sessão de subidas, com um ligeiro recuo, nos 2,73%.

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