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Empresários querem mais eucaliptos em Portugal

Estudo do Fórum para a Competitividade, defende que o território nacional devia ter mais eucaliptos. Mas também é preconizado o investimento na caça e na pesca, na vinha para uva sem grainha, nos frutos secos, frutos vermelhos, medronhos ou flores.
27 Março 2017, 13h00

Prevê-se um embate vigoroso nos próximos tempos entre o Governo português e os empresários privados nacionais ligados à agricultura e à floresta. Na mesma semana, em que o Executivo de António Costa fez aprovar em Conselho de Ministros um pacote de medidas para a reforma do setor florestal, em que se destaca uma proposta de lei para rever o Regime Jurídico das Ações de Arborização e de Rearborização, que “trava a expansão da área de plantação de eucalipto”, o Fórum para a Competitividade apresentou (ontem) um estudo de um grupo de trabalho coordenado por alguns dos maiores grupos privados nacionais ligados à agricultura e à floresta que defende o “investimento na floresta, incluindo o eucalipto, de forma a reduzir as importações”.

“Travar a expansão da área florestal com eucaliptos é essencial para termos uma floresta mais ordenada, uma melhor prevenção contra os incêndios e uma gestão mais ordenada [da floresta]”, defendeu, na passada quarta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, no debate quinzenal que decorreu na Assembleia da República.

Além das visões diferentes do papel do eucalipto na floresta nacional, prevê-se um outro foco de conflito entre o Governo e os empresários privados do setor no que respeita ao papel das autarquias na definição e fiscalização das políticas para o setor florestal português. Enquanto António Costa pretende, na reforma legislativa que vai agora começar a ser discutida na Assembleia da República, conferir um papel mais interventivo aos municípios, os empresários ouvidos no âmbito do Fórum para a Competitividade exigem que “a intervenção das Câmaras Municipais no setor deverá limitar-se a, em sede de projeto florestal, confirmar a adequação do espaço a florestar a uma utilização florestal, nos termos do PDM [Plano Diretor Municipal]”.

O estudo do Fórum para a Competitividade foi elaborada por um grupo de trabalho constituído pelo presidente da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, João Machado; por Jaime de Lacerda, diretor-geral do Fórum; e por presidentes e administradores de grupos privados ligados ao setor agro-florestal como a Symington Family Estates, Corticeira Amorim, Jerónimo Martins Agro-Alimentar, Sogepoc (holding que controla a Sugal), The Navigator Company (ex-Portucel), Sovena e Sogrape.

O relatório apresenta 62 propostas de medidas, das quais oito são consideradas prioritárias pelo grupo de trabalho constituído no âmbito do Fórum para a Competitividade, presidido por Pedro Ferraz da Costa.

Potenciar a caça e a pesca como o ‘golfe do interior’, desenvolvendo este negócio de nicho e potenciando as sinergias com as áreas de impacto contíguo como a hotelaria e a restauração; assim como  aumentar os investimentos em hortícolas, frutícolas e floricultura e nos frutos secos (plantação e descasque) são outras recomendações. Os frutos vermelhos têm condições para continuar a evoluir. O estudo defende ainda que o investimento na vinha e no olival deve continuar a ser apoiado e entende que “o exemplo da uva de mesa sem grainha, já produzida no Alentejo em apenas 250 hectares, tem condições naturais para ser multiplicada por dez”. E lança uma ideia inovadora, defendendo o “fomento da indústria em torno de produtos do bosque, como seja o medronho, que poderá ser comercializado como produto único, apesar de existente (mas não explorado) em toda a bacia do Mediterrâneo”.

[Notícia publicada na edição impressa de 24 de março]

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