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Bolsas atenuam perdas após discurso “conciliador” de Trump

Mercados reagiram com fortes quedas à vitória de Donald Trump, mas o discurso de vitória do candidato ajudou a atenuar as perdas. O polémico candidato prometeu ser o “presidente de todos os americanos” e implementar políticas para relançar o crescimento da economia.
  • Reuters
9 Novembro 2016, 09h25

As bolsas abriram a sessão com fortes quedas na sequência da vitória de Donald Trump. A derrocada começou nos mercados asiáticos e chegou à Europa, embora as perdas de cerca de 5% verificadas a meio da noite nos índices de futuros, se tenham atenuado. Os investidores receberam bem o tom conciliador do discurso de vitória de Trump, que contrastou fortemente com aquilo a que o candidato republicano nos habituou durante a campanha.

O PSI 20 cai 2,28%, pressionado por vários ‘pesos pesados’, mas já esteve a cair mais de 2,5%. Na Europa, o alemão DAX cai 0,92% (depois de ter perdido 2,87%), o CAC de Paris perde 0,95%, a bolsa holandesa AEX recua 1,22% e o Footsie100 de Londres negoceia agora praticamente inalterado, a deslizar 0,09%, depois de ter caído mais de 1% no início da sessão.

A penalizar os mercados estão os receios em relação à presidência de Donald Trump, dada a incerteza e imprevisibilidade em áreas como os acordos comerciais e a política orçamental e fiscal. Mas o impacto será diferente consoante de trate de setores que poderão vir a beneficiar de uma presidência Trump.

Rui Bárbara, gestor de ativos do Banco Carregosa, explica que “os mercados reagem mal a surpresas, e a verdade é que vitória de Trump, nestes termos, foi uma enorme surpresa. Depois, Donald Trump é a personificação da incerteza, ou seja, tudo aquilo que os investidores não gostam. Ele é o Presidente anti-stablishment e ninguém sabe como ele vai  dirigir os Estados Unidos. Por ser imprevisível, o meu espanto é a queda dos mercados não ser ainda maior. Mas há quem espere (e deseje) que Donald Trump se rodeie agora de bons assessores e se torne mais moderado, mais próximo do status-quo….”

Pedro Lino, da Dif Broker, explica que a atenuação das perdas deve-se ao facto de o “discurso de Trump, após a vitória nas eleições, ter sido mais conciliador e completamente diferente.” O analista refere ainda a importância de Trump ter “reiterado a ambição de de duplicar o crescimento económico dos Estados Unidos.”

Também os analistas do BPI Investimento explicam o que se irá assistir nos mercados. “Durante a sessão americana, dever-se-á assistir à overperformance dos sectores petrolífero e de defesa e uma underperformance das empresas de energias renováveis de serviços de saúde (que seriam os sectores mais beneficiados por uma presidência de Hillary Clinton).”

Para explicar os efeitos da maior aversão ao risco, os analistas do BPI, dizem: “Está a traduzir-se numa subida das obrigações americanas (descida das yields), a subida das Bunds alemãs, o que deverá implicar um aumento do spread entre as yields alemãs e as periféricas”, frisam. Estes especialistas notam ainda que a sessão do mercado cambial está a caracterizar-se pela desvalorização do dólar e do peso mexicano e uma apreciação do iene e do franco suíço.

Nos mercados de commodities, o petróleo Brent segue a perder 0,91% para 45,63 dólares. Ouro e prata são os ativos que valorizam em períodos de incerteza e sobem 1,91% e 1,32%, respetivamente.

No mercado de câmbios, o euro ganha 0,63% face ao dólar para 1,1096 dólares. O dólar perde 1,70% face ao iene para 103,37 ienes.

A ‘yield’ da dívida portuguesa a 10 anos ganha 2,7 pontos base para 3,242%. A alemã recua 3,7 pontos base para 0,145%.

[atualizado às 9h20 com declarações de vários analistas]

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