[weglot_switcher]

‘Hard Brexit’: Pura especulação ou realidade dura para os britânicos?

As atenções estão centradas no discurso de hoje de Theresa May, especialmente após o Sunday Times ter revelado que a líder britânica poderá sinalizar a saída do mercado único de bens e serviços.
17 Janeiro 2017, 06h10

“É especulação”, disse uma porta-voz de Theresa May, sobre a notícia do Times, que adiantava ainda que a primeira-ministra britânica quer dar prioridade ao controlo da imigração e acordos bilaterais de comércio.

Especulação ou realidade, a possibilidade de um ‘hard brexit’ não ficou sem reação. Fontes governamentais disseram ao Times que o discurso de May deverá provocar uma “correção no mercado”.

Esse ajuste poderá ter já começado na segunda-feira. A libra esterlina chegou a cair para abaixo do patamar dos 1,20 dólares, um nível no qual não negoceia regularmente desde 1985. A depreciação de ontem chegou aos 1,6%, ou 1,986 dólares antes da moeda britânica fechar a negociação em Londres a descer 1% para ligeiramente acima dos 1,20 dólares.

O líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, disse à BBC que May “parece estar a conduzir (o Reino Unido) na direção de um tipo de economia ‘low cost’ à margem da Europa”, adiantando que o país poderá “perder acesso a metade do mercado de exportações, uma estratégia extremamente arriscada”.

Da Europa continental, as reações também não demoraram a chegar. Klaus Regling, diretor executivo do Mecanismo Europeu de Estabilidade, disse à Bloomberg que o principal perdedor de um ‘hard Brexit’ será o Reino Unido, devido à descida do investimento externo. Christian Noyer, antigo governador do banco central francês também salientou que o risco ficará principalmente do lado britânico.

Também no domingo, o ministro dos negócios das finanças britânico, Philip Hammond, descreveu ao jornal alemão Welt am Sonntag os eventuais impactos do ‘hard Brexit’. “Se não tivermos acesso a mercado europeu, se ficarmos de fora, se o Reino Unido sair da UE sem um acordo sobre o mercado, então poderíamos sofrer danos na economia, pelo menos no curto prazo”.

Avisou, contudo, que “neste caso, seriamos forçados a alterar o nosso modelo económico para recuperar competitividade. E podem ter certeza que faremos tudo que seja necessário”.

Parte dessa opção poderá ser uma ligação mais forte com os ‘primos’ nos EUA. Donald Trump já anunciou que vai propor um acordo comercial “justo” ao Reino Unido na próxima reunião oficial com Theresa May, já depois de ter tomado posse no dia 20 deste mês.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.