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“Huwaweigate”: Há mais nomes na lista de políticos que viajaram para a China com despesas pagas

Depois dos dirigentes partidários do PSD em Lisboa e Oeiras, a autarquia de Odivelas (PS) e um responsável da Segurança Social fazem crescer a lista de políticos que viajaram para a China a convite da Huawei.
4 Agosto 2017, 13h46

Até agora, os nomes conhecidos eram os de Luís Newton e Sérgio Azevedo, da junta de freguesia da Estrela, e os de Paulo Vistas e Ângelo Pereira, presidente e vereador, respetivamente, da Câmara Municipal de Oeiras.

Paulo César Teixeira, vereador do PS na câmara de Odivelas; Rodrigo Gonçalves, vice-presidente do PSD/Lisboa; Nuno Custódio, vice-presidente do PSD/Oeiras e João Mota Lopes, ex-diretor do Instituto de Informática da Segurança Social, são os mais recentes nomes a acrescentar à lista de políticos que viajaram para a China com despesas pagas pela Huawei, de acordo com o que noticia o Observador.

Segundo o jornal, o vereador do PS viajou a convite da Huawei em janeiro de 2017 e admitiu que a Huawei pagou o hotel e as refeições. A câmara de Odivelas regista um ajuste direto que envolve a Huawei, feito com a Informantem, empresa gerida por Henrique Muacho, militante do PSD. A mesma empresa serviu de ligação entre o gigante das telecomunicações e a junta de Freguesia da Estrela.

O contrato com a CM Odivelas é anterior à viagem e envolve a “aquisição de storage Huaweipara o sistema de informática central da Câmara Municipal de Odivelas”, e tem o valor de 8.456,25 euros.

Nesta viagem de janeiro deste ano, Rodrigo Gonçalves (vice-presidente do PSD/Lisboa) acompanhou Paulo César Teixeira. Ainda que não exista aparente ligação direta entre ambos, Gonçalves é casado com Susana Teixeira Gonçalves, que é Chefe de Divisão Financeira e de Aprovisionamento da Câmara Municipal de Odivelas.

Rodrigo Gonçalves garantiu ao Observador não existir qualquer relação entre a sua ida à China com o vereador da autarquia e o facto de a sua mulher trabalhar na Câmara Municipal de Odivelas. “As decisões que tomo na minha atividade profissional e política nada têm que ver com a atividade profissional da minha mulher”, explica o vice-presidente do PSD/Lisboa ao jornal.

Denominador comum 
Henrique Muacho parece ser o denominador comum nestas viagens. Na passada terça-feira, a Visão noticiou que, depois da viagem de Paulo Vistas à China, em setembro de 2014, o município fez um ajuste direto de 62.870 euros à empresa de Muacho. O mesmo gestor está por trás da ida de Luís Newton e de Sérgio Azevedo numa viagem de cinco dias à China.

Há ainda outro dirigente partidário que viajou a convite da Huawei: Nuno Custódio, vice-presidente do PSD/Oeiras. A viagem teve lugar em fevereiro de 2015, na mesma viagem em que seguiu o seu presidente de concelhia, o deputado Sérgio Azevedo e o presidente da junta de freguesia da Estrela, Luís Newton.

João Mota Lopes também viajou a convite da Huawei e é, até agora, o único caso de um titular de cargo público conhecido envolvido nestas viagens. O militante do PSD era vogal do Conselho Diretivo do Instituto Informático (I.I.) da Segurança Social, quando, em 2014, viajou à China. O antigo diretor do I.I. confirmou ao Observador que fez a viagem a convite da Huawei, mas garante que tal a decisão foi de “todo o Conselho Diretivo”. E acrescenta: “Acabei por ir eu, mas podia ir qualquer outra pessoa”.

Até agora, a Huawei Portugal emitiu apenas um comunicado oficial sobre o assunto, um dia depois de a PGR anunciar a recolha de elementos de investigação neste caso. Em comunicado, a marca afirma estar disponível para “prestar todos os esclarecimentos, em sede própria, que venham a ser necessários” sobre o chamado “Huaweigate”.

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