[weglot_switcher]

Imparidades de 2.507 milhões levam Fundo de Resolução a injetar 792 milhões no Novo Banco

O Novo Banco anunciou prejuízos de 1.395,4 milhões de euros, graças aos 2.056,9 milhões de euros de imparidades. Destas 1.229,2 milhões são para crédito, 398 milhões para operações em descontinuação e 134,3 milhões de provisões para reestruturação.
  • Cristina Bernardo
28 Março 2018, 18h13

O Novo Banco anunciou prejuízos de 1.395,4 milhões de euros, graças aos 2.056,9 milhões de euros de imparidades. Destas 1.229,2 milhões são para crédito, 398 milhões para operações em descontinuação e 134,3 milhões de provisões para reestruturação. Foram estas imparidades que justificam que a ativação do Mecanismo de Capital Contingente no montante de 791,7 milhões a cargo do acionista Fundo de Resolução.

Este valor recorde de prejuízos (1,395,4 milhões) compara com os 788,3 milhões de euros de prejuízos registados em 2016.

No total de imparidades estão incluídas a imparidade constituída para a seguradora GNB Vida, que tem por referência o valor de mercado. Esse valor corresponde à oferta mais alta na venda em curso da GNB Vida.

Outro factor que pesa no rácio de capital é a contabilização líquida de 445,1 milhões de impostos dos quais 520 milhões por anulações de ativos por impostos diferidos, que de acordo com o atual plano de negócios não preenchem as condições para serem considerados no ativo. Isto é, o banco cancelou o ativo que se define por ser o valor futuro de poupanças fiscais porque no seu plano de negócios constatou que não vai obter lucros suficientes para abater 520 milhões desses ativos por impostos diferidos.

O aumento de capital de mil milhões pôs o rácio de capital CET 1 a passar de 12% para 12,8% (phased in).

A ativação do mecanismo de capital contingente no montante de 791,7 milhões a cargo do acionista Fundo de Resolução, leva o Estado a emprestar parte do dinheiro para esta injeção.

Com as imparidades o capital é corroído e por isso é preciso o dinheiro do Fundo de Resolução para repôr o rácio em mínimos de 12,75% de CET1 na versão phased-in.

O mecanismo será ativado depois da Assembleia Geral do banco. Este mecanismo de capitalização contingente pode ser ativado até 3,89 mil milhões por perdas que venham a ser reconhecida com alguns dos seus ativos problemáticos, caso os rácios desçam abaixo de 12,75%. O que foi o caso.

O perímetro de ativos previamente definido sob o mecanismo era de 7,9 mil milhões em junho de 2016. Em 31 de dezembro de 2017 estes ativos apresentavam um valor líquido de 5,4 mil milhões.

A cobertura de imparidades passa de 94% a 108% e os NPLs (non-performing loans) passam de 33,4% para 30,5%, disse o CEO do banco.

Fora do âmbito do mecanismo (em ativos fora deste mecanismo) o banco registou imparidades de 400 milhões de euros, revelou Ramalho.

O presidente do Banco fez as contas e desde que nasceu o Novo Banco já constituiu um total de 5.189 milhões de euros. Mas comparando com o BCP e CGD não é o maior banco a registar perdas em ativos. “Os dois maiores bancos juntos já fizeram, nos últimos sete anos, 19 mil milhões de euros de imparidades”, disse Ramalho.

A Comissão Europeia, no relatório sobre a venda do Novo Banco, afirmou que o banco apresentava, mesmo já depois da medida de Resolução do BES, deficiências no reporte de créditos, e falhas na informação sobre os colaterais associados.

António Ramalho respondeu dizendo que a Direção da Concorrência Europeia avaliou 20 créditos, “cinco dos quais já estão pagos, e quatro são posteriores à criação do Novo Banco”. Foram estes quatro que deixaram críticas ao período de existência do Novo Banco. “Desses quatro, todos eles são performantes”. Ramalho diz que pediu uma auditoria a todos os créditos concedidos pelo Novo Banco, enquanto tal, até “pelo respeito pelos seus antecessores”. “Na qualidade de CEO, decidi pedir a auditoria a todos esses créditos”. Segundo revelou António Ramalho, a auditoria será entregue no Ministério das Finanças e do Banco de Portugal. “Deixem-me que vos diga que não foram detectadas circunstâncias especiais”.

“A criação de crédito NPL [malparado] caiu 80% de 3,7% em 2015 para 0,7% em 2017. 79% das provisões para crédito são sobre clientes já classificados como NPL em 2016 e destes 78% são legados de 2015”, disse o presidente do banco. “A probabilidade de incumprimento de uma carteira de crédito a empresas performante reduziu-se de 4,4% para 3,7%, mas se excluirmos o legado, essa redução  é de 3% para 2,3%”, adiantou.

O presidente do Novo Banco revelou ainda que, no âmbito dos remédios aplicados por Bruxelas, vai fechar centros de private banking, mas vai manter a empresa de gestão de ativos. Nas sucursais vai sair de Londres e reestruturar no Luxemburgo para uma operação sem retalho acoplado.

À venda está o BES Vénétie que está na fase final de desenho do contrato de venda ao comprador escolhido.

Mas o Novo Banco quer sair de Cabo Verde, depois de ter vendido o banco na Venezuela, e tem à venda uma participação minoritária em Itália, segundo disse o presidente do banco na apresentação de resultados.

Na apresentação de resultados o banco realça a redução dos non performing loans que passaram de 11,3 mil milhões de euros em dezembro de 2016 para 9,6 mil milhões em 2017 (redução de 1,7 mil milhões de euros), com o rácio de sinistralidade a apresentar uma melhoria de 290 pontos base para 30,5%. O rácio de cobertura de NPL’s por imparidades atingiu os 58,7% (dezembro de 16: 49,3%).

(atualizada)

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.