[weglot_switcher]

Merkel e Trump testam entendimento entre a Europa e os EUA

Relações entre Washington e Berlin estão muito longe do clima de cooperação institucional que se verificava até à mudança de inquilino na Casa Branca.
  • Fabrizio Bensch/Reuters
14 Março 2017, 07h35

A chanceler alemã Angela Merkel encontrar-se-á hoje com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, naquele que será o primeiro grande teste ao estado actual do tradicional entendimento dos Estados Unidos com a Europa – e especialmente com a União Europeia. Durante a campanha eleitoral que o levou a ser inquilino da Casa Branca, Donald Trump mostrou-se sempre muito céptico em relação à União Europeia, tendo mesmo chegado a apoiar o Brexit e a criticar a chanceler alemã pelo excesso de abertura em relação aos refugiados que, vindos do Médio Oriente, procuram abrigo na Europa.

As relações entre ambos esfriaram ainda mais quando Trump, acabado de dar entrada na Casa Branca, recebeu de imediato a primeira-ministra britânica, Theresa May – que der seguida viajou directamente de Washington para Ancara, dando mostras de ser portadora de uma agenda diplomática entre os dois países que aparentemente ultrapassava a própria União Europeia.

Neste quadro, o encontro entre Merkel e Trump – apesar da divulgação de uma agenda conciliatória, que sugere mesmo que o presidente dos Estados Unidos pedirá a opinião de Merkel sobre o seu homólogo russo, Vladimir Putin – servirá também de barómetro ao actual estado do entendimento entre os EUA e a Europa, que claramente já teve melhores dias.

Oficialmente, no encontro entre os dois discutir-se-ão questões relacionadas com a NATO – recorde-se que Trump acha um exagero o esforço financeiro a que os Estados Unidos estão obrigados para manter aquele organismo; o conflito na Ucrânia; e a guerra na Síria, entre outros temas internacionais.

Outro tema que está a entrar em zona de conflito – e que com certeza não deixará de ser abordado por ambos – é a pretensão, anunciada diversas vezes pelo actual presidente dos Estados Unidos, de blindar as fronteiras do país às importações, para promover a economia interna e gerar mais postos de trabalho. A União Europeia tem-se mostrado preocupada com esta aparente deriva proteccionista e esbraceja com os acordos internacionais fechados entre ambas as partes. Mas Trump tem-se mostrado pouco sensível e afirma que a diminuição da porosidade das fronteiras é uma condição essencial para o relançamento da economia dos EUA.

É neste clima de pré-conflito instalado que Merkel e Trump vão encontrar-se, depois de o presidente dos Estados Unidos já ter conseguido criar instabilidade diplomática com o México, país que costuma ser, como vizinho, um dos dois primeiros (com o Canadá) a ser recebido na Casa Branca.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.