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Pode uma proposta de 20 mil milhões transformar o futebol? FIFA está assustada e num dilema

Uma proposta de 20 mil milhões de euros feita à FIFA por um grupo de investidores da Ásia foi revelada na quarta-feira, sendo que o Financial Times indica que um dos membros do consórcio é o gigante japonês SoftBank. Para já, a ideia não reúne consenso entre a direção da FIFA.
12 Abril 2018, 18h53

Um dos elementos do consórcio asiático, cuja proposta superior a 20 mil milhões de euros pelos direitos do campeonato do mundo de clubes terá gerado tensão na última reunião do conselho da FIFA, é a japonesa SoftBank, de acordo com o ‘Financial Times’ (FT).

A multinacional japonesa liderada por Masayoshi Son tem investido em várias indústrias, desde tecnológicas, financeiras a empresas de energias renováveis. Agora, aponta baterias ao futebol.

O consórcio inclui investidores da China, Arábia Saudita, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos e, segundo o jornal económico britânico, este grupo pretende entrar e transformar o desporto mais popular do mundo. Ainda assim a identidade dos restantes investidores continua por revelar.

Segundo o FT, o consórcio que integra o SoftBank está a ser assessorado pela britânica Centricus, consultora cujos fundadores apoiaram a multinacional japonesa a angariar perto de 100 mil milhões de dólares para o Vision Fund – fundo que a japonesa usa para investir em proeminentes tecnológicas.

A FIFA ainda não decidiu nada sobre a proposta do consórcio asiático, que tem por objetivo formar uma joint venture com o organismo máximo do futebol, a quem caberá a participação maioritária na organização quadrienal de um Mundial de Clubes com 24 equipas e na realização de uma nova competição de seleções bianual.

“A ideia é concebida encarando o futebol além da Europa”, afirmou uma fonte próxima do processo ao FT. “O futebol é o maior evento social do mundo com três mil milhões de adeptos, embora não exista uma identidade global além do Campeonato do Mundo [de seleções]”, acrescentou.

Após o escândalo de 2014, com a divulgação do chamado Relatório Garcia, que culminou na saída de Joseph Blatter do organismo máximo do futebol, em 2015, a FIFA procura, desde a elição de Infantino em 2016, assegurar o seu futuro enquanto instituição financeiramente estável, longe dos tempos em que se via envolvida em casos de corrupção. O consórcio asiático pode ser uma das soluções possíveis.

Na terça-feira, 9, o ‘The New York Times’ noticiou que o atual presidente da FIFA, Gianni Infantino, foi contactado pelo referido consórcio a fim de ceder os direitos e a organização do Mundial de Clubes, que deverá ter um novo modelo a partir de 2021, e de uma outra prova a criar no futuro – “uma liga global de seleções”.

Na última reunião do conselho da FIFA, em Bogotá, Colômbia, Infantino terá informado os restantes dirigentes sobre a proposta do consórcio asiático sem revelar a identidade dos investidores, o que provocou um clima de tensão no encontro. A proposta estará em stanby, na eventualidade de surgirem mais pormenores sobre os investidores. Mais, a ideia terá criado uma cisão entre os “conselheiros”, pois a o organismo máximo do futebol mundial nunca vendeu a terceiros o controlo das suas competições.

A FIFA, o SoftBank e a Centricus não se pronunciaram, quando questionados, mas a UEFA confirmou ao FT a existência de uma proposta: “Confirmamos que o presidente da FIFA mencionou uma alegada oferta de compra de direitos na última reunião em Bogotá. No entanto, Infantino não forneceu detalhes concretos sobre a proposta”.

Gianni Infantino estará a ser pressionado pelos restantes dirigentes do organismo para cumprir uma promessa eleitoral: aumentar significativamente os chamados fundos de desenvolvimento atribuidos às mais de 200 federações associadas.

Para já, a FIFA vai promover uma mudança no Campeonato do Mundo de seleções nacionais: de 32 equipas participantes, passará a contar com 48. O objetivo é conseguir mais receita em transmissões radiotelevisivas, em bilhética e patrocínios. O ano de 2019 será marcado por novo ato eleitoral na FIFA.

FIFA e um novo modus operandi no futebol

De Bogotá, a decisão mais sonante dos dirigentes mundiais foi a adoção da técnologia de videoárbitro para o Mundial da Rússia, este ano. Mas outras considerações foram feitas cuja análise será pertinente, a seu tempo.

Sobre a cedência de atletas por empréstimoA FIFA está a considerar acabar ou encontrar um novo modelo no que respeita à cedência de jogadores profissionais por empréstimo, tendo em conta que esta modalidade de contratação é hoje um elemento de especulação no mercado e fator de desequílibrio entre clubes.

Quotas entre federações: A FIFA vai mudar o campeonato do mundo de clubes, embora a decisão ainda não seja oficial ainda. Por questões de representatividade desportiva na competição, as federações associadas à FIFA ainda estão em reflexão quanto às mudanças.  E a questão financeira é crucial. Para já a UEFA é contra a organização de uma prova que pode vir a coincidir com a realização dos campeonatos da Europa. Uma solução apontada será a realização desse Mundial de clube me anos ímpares, no lugar da atual Taça das Confederações. No caso da América do Sul, a Copa América passará a realizar no mesmo ano que um europeu.

No plano desportivo, a UEFA já terá gararntido 12 das 24 vagas para o novo mundial de clubes. Na Europa, a quota seria preenchida pelos últimos quatro vencedores da Liga dos Campeões e os quatro clubes com melhor coeficiente no ranking de clube da UEFA. Sob a atual classificação, SL Benfica e FC Porto teriam lugar na prova.

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