A subida do rating português pela Fitch levou na manhã desta segunda-feira os juros da dívida benchmark a renovar mínimos. Apesar de a decisão de fazer o upgrade da notação em dois escalões, para BBB com outlook estável, anunciada na sexta-feira, já estar a ser incorporada pelos investidores, Portugal está a beneficiar do reforço da confiança.
As yields das obrigações do Tesouro a 10 anos abriram a negociar nos 1,8% no mercado secundário e caíram para um mínimo de 1,72%, o valor mais baixo desde abril de 2015.
Os analistas consultados pelo Jornal Económico partilham da visão que o upgrade pela Fitch vai continuar a levar Portugal a pagar menos juros tanto em mercado secundário como em novas emissões. “Uma melhoria do rating pode ajudar a dar folga por via de uma baixa adicional dos juros a pagar em 2018 (novas emissões de Obrigações do Tesouro e Bilhetes do Tesouro)”, afirmou Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros.
A principal vantagem apontada pelos analistas é que o upgrade pela agência Fitch vai permitir alargar a base de investidores internacionais. Entre os principais fundos de investimento em dívida do mundo, os critérios diferem, mas a tendência é de beneficiar investimentos de baixo risco. Para isso, limitam a compra a títulos de dívida avaliados em grau de investimento pelas agências de rating.
“Se há aproximadamente três meses, a classificação como investimento da dívida por parte da Standard&Poor’s fez regressar Portugal ao radar dos maiores fundos de investimento tanto particulares como soberanos, a atual situação irá aumentar tanto a visibilidade como de facto a inclusão da dívida em muitos desses mesmos fundos”, explicou José Lagarto, head of research da Orey iTrade.
Além da entrada nestes índices alargar o acesso a novos investidores, Lagarto refere que “o tipo de investimento feito poderá sofrer alterações substanciais, com estes novos investidores, na sua grande maioria, a planear investimentos superiores a 10 anos”, o que influencia as dinâmicas de gestão da dívida.
Como os custos de financiamento das empresas e dos bancos estão correlacionados com os custos de financiamento do Estado, a melhoria do rating favorece também as condições de financiamento das empresas portuguesas e da banca.
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