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‘Tapering’ e ‘hacking’: os temas que deverão dominar o ‘não-evento’ do BCE

É consensual: a probabilidade da reunião de hoje do BCE resultar em novas medidas é quase nula. As atenções vão estar centradas em eventuais sinais sobre o plano para reduzir as compras de ativos e no ‘hacking’ da conta de email de Draghi.
  • Axel Schmidt/Reuters
19 Janeiro 2017, 06h10

“Um não-evento”, é assim que James Knightley, economista sénior no ING, antevê a reunião mensal do Conselho de Governadores do BCE que terá lugar hoje em Frankfurt. “Após a decisão em dezembro de prolongar o ‘Quantitative Easing’ (QE), mas a um ritmo mais lento, o BCE está quase em modo de auto-piloto para o resto de 2017”.

Essa decisão, que consistiu em prolongar o plano de compras de ativos da zona euro pelo BCE até ao final deste ano (o prazo anterior era no final de março) mas reduzindo-o a 60 mil milhões de euros por mês dos anteriores 80 mil milhões, veio naturalmente baixar as expetativas para a reunião seguinte.

No entanto, não deverão faltar perguntas dirigidas a Mario Draghi na conferência de imprensa marcada para as 13h30, até porque há um tema que está a criar alguma expetativa – o ‘tapering’, ou a forma gradual que o BCE poderá adotar para reduzir as compras no QE para zero.

A grande questão é sobre quando é que o ‘tapering’ poderá começar, pois um acelerar da inflação na zona euro em dezembro está a reavivar apelos ao BCE para reduzir as compras de ativos, apelos esse vindos especialmente da Alemanha.

“A subida da inflação na Alemanha poderá animar os detratores do QE”, disse Tomas Holinka, economista da Moody’s Analytics, à Bloomberg. “No entanto, acreditamos que qualquer discussão é prematura e esperamos que o BCE irá aguardar até o aumento dos preços seja sustentável e que a incerteza política atenue”.

Os analistas sondados pela agência de notícias foram unânimes sobre a ausência de medidas na reunião de hoje, mas três-quartos dos economistas prevê que o próximo anúncio do BCE sobre alterações ao programa de estímulos não deverá chegar antes de setembro, enquanto dois-terços estima que o banco central irá reduzir o volume de compras mas também prolongá-lo além do final do ano.

As minutas da reunião de dezembro salientaram as divisões no Conselho de Governadores, com os 25 membros incapazes de chegarem a uma decisão unânime sobre o QE.

Draghi deverá ter de responder também a outro tipo de perguntas, e completamente diferente. As autoridades italianas na semana passada prenderam duas pessoas por ataques informáticos aos emails de milhares de pessoas, incluindo os de Draghi e do antigo primeiro-ministro Matteo Renzi. A conta de email de Draghi no Banco de Itália, entidade da qual foi governador, foi visada, mas não se sabe ainda o conteúdo que os atacantes conseguir aceder.

“A ideia que uma fuga de informação sobre temas sensíveis, desde a politica monetária às medidas de emergência para a Grécia, está a causar preocupação”, salientou a Reuters.

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