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Theresa May apela à união dos britânicos. “Vamos construir um Reino Unido global”

Theresa May admite que “um dia de celebração para uns e é um dia de deceção para outros”, mas apela aos britânicos para que se unam para que a ideia de criar um “Reino Unido mais forte e mais justo” possa triunfar.
  • Dylan Martinez/REUTERS
29 Março 2017, 12h58

A carta assinada pela primeira-ministra britânica, Theresa May, enviada ao Parlamento europeu para dar início ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) já foi recebida pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em Bruxelas. Ao mesmo tempo, May sublinhou que “este é um momento histórico”, sem retorno e que a partir de agora o Governo vai trabalhar para a construção de um país “mais forte e mais justo”, num discurso no Parlamento britânico.

“O processo do Artigo 50 foi acionado”, declarou Theresa May. “De acordo com a vontade das pessoas, o Reino Unido vai abandonar a União Europeia. Este é um momento histórico e sem retorno. Agora, vamos poder tomar as nossas decisões e as nossas leis. Vamos aproveitar esta oportunidade para nos tornarmos num país mais forte e mais justo: esta é a nossa ambição”.

Sobre constantes vaias no Parlamento, Theresa May admitiu que este é “um dia de celebração para uns e é um dia de deceção para outros”, mas apela aos britânicos para que se unam para que a ideia de criar um “Reino Unido global” possa triunfar.

Apesar de estar a dar início a um processo de saída da UE, Theresa May reitera que quer um divórcio amigável e que vai sentar-se à mesa de negociações para representar os interesses de todos os britânicos – “novos e velhos, ricos e pobres”. Ao mesmo tempo, a primeira-ministra britânica quer continuar a ser ” um parceiro fiável e amigo próximo” dos europeus, com quem espera manter trocas comerciais “de uma forma tão livre quanto possível”.

Acionar o Artigo 50 significa a formalização do pedido do Reino Unido de saída da UE, depois do referendo em junho. May, e o Department for Exiting the European Union liderado pelo secretário de Estado David Davis, terá agora de negociar os termos com a equipa da UE, que é liderada pelo ex-ministro francês de 65 anos, Michel Barnier.

A partir desta quarta-feira, o Londres inicia “o primeiro dia de uma longa e difícil viagem”, como dá conta na rede social Twitter o responsável europeu incumbido de chefiar as negociações do Brexit. O Governo de Theresa May terá, de acordo com o estabelecido no artigo 50º do Tratado de Lisboa, dois anos para chegar a acordo a comunidade europeia para que o processo de divórcio possa ser definitivo e duradouro.

Ainda não há uma lista concreta dos temas a negociar, mas em janeiro, Theresa May explicou aos britânicos que pretende um acordo rápido e que garanta os direitos dos cidadãos. Comércio, controlo fronteiriço e cooperação em termos de política internacional e defesa são alguns dos temas incontornáveis das negociações.

Sabe-se que May quer estabelecer um acordo de livre comércio com a UE, apesar de sair do mercado comum. A incerteza aumenta, no entanto, no que diz respeito à emigração, especialmente depois da Câmara dos Comuns ter chumbado a proposta para garantir os direitos dos trabalhadores europeus no Reino Unido.

A expetativa em relação ao que se segue está a afetar os mercados. Esta manhã, a libra desvalorizou face às moedas norte-americana e europeia, tendo tocado os 1.2377 dólares e os 0,8679 euros, os valores mais baixos da semana. Segundo o gestor da corretora XTB, Henrique Romão Dias, “os investidores estão receosos com a incerteza relativa ao futuro económico do Reino Unido”.

“O formalizar desta cisão trará certamente consequências nefastas para a Grã Bretanha que poderá ver serem colocadas tarifas aduaneiras às suas exportações para a UE”. A longo prazo, “será expectável uma degradação da balança comercial inglesa com efeitos na procura de libras”.

Veja aqui o texto completo enviado por Theresa May a Donald Tusk.

 

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